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segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Caco_e_Cantanhede - Caco Barcelos no programa jornalístico "Em Pauta" exibido pela Globo News

Exibido pela Globo News no dia 20 de setembro de 2011




O trecho do programa Painel da GloboNews mostra o comentário de Caco Barcelos sobre as marchas "contra a corrupção" e a resposta a Eliane Cantanhede que avalia este ano como "muito bom pro jornalismo brasileiro".

CACO BARCELOS SOBRE A MARCHA NA CINELÂNDIA-RIO: "Três mil pessoas me parece uma forte manifestação...virtual! No facebook falam mais de 30 mil pessoas. Na rua, na praça...por volta de três mil. É interessante, o pessoal com vassouras eu lembro do tempo do Jânio Quadros. O pessoal usava vassoura pra varrer os comunistas. Queriam o regime militar. A vassoura volta a entrar na moda talvez com outra conotação. Interessante também que ninguém protesta contra os corruptores. "

ELIANE CANTANHÊDE -- Oi, Caco. Olha, eeee... Esse ano tem sido um ano muito bom pro jornalismo brasileiro, né...

BARCELOS -- Você acha?

CANTANHÊDE -- Eu acho... Sabe por que?

BARCELOS -- Ahn?

CANTANHÊDE -- Você tá vendo que a presidente Dilma, por exemplo, tá capitalizando muito a coisa da faxina, mas quem descobriu as histórias do Palocci, do Alfredo Nascimento, do Wagner Rossi e, agora, do Pedro Novaes foi a imprensa, evidentemente trabalhando, ali, com o Ministério Público, Polícia Federal e os órgãos de investigação. Mas a imprensa tem tido um papel decisivo nessa "faxina". Eu queria saber se você participa da Abraji, que é a Associação Brasileira de Jornalistas Investigativos -- você é um jornalista de ponta nessa área -- e o que você acha desse tipo de organização. Se vale a pena, se é importante, em que pode melhorar...

BARCELOS -- Acho muito importante mas eu não participo. Eu nunca acho tempo para fazer militância ao lado do meu trabalho. Ali não é exatamente militância, mas precisa de organização, precisa de disciplina, precisa participar dos Congressos. Eles me convidaram gentilmente, algumas vezes... Não consegui, embora não participe da entidade. Imagina se participasse. Então não me sobra tempo. Eu adoraria escrever um outro livro, que tem uma apuração longa, já acumulada. Só acumula, lá. Acumulam os dados e eu não consigo escrever. Infelizmente eu não consigo ter outra atividade que não seja de ir pra rua todo dia atrás de alguma história.

Mas eu tenho uma preocupação com esse momento da imprensa brasileira. Não sei se você... O que você acha do que eu vou te falar: me parece que muitas das acusações que fazem à imprensa estão sendo baseadas em declarações de uma determinada fonte. Evidentemente que boa parte dos que faz... Dos que fazem esse tipo de é, é jornalista muito criterioso e tem cuidado antes de divulgar. Mas há colegas que já divulgam sem sequer checar o outro lado. Sem sequer fazer uma apuração mínima antes de saber se há procedência, ou não, na acusação. Sabe por que que me preocupa isso? Porque eu lembro de um episódio semelhante, a gente falava também, assim, que o jornalismo estava vivendo um momento muito interessante, muito, muito inquietante, inclusive, porque levou ao impeachment do presidente Collor. Foi uma iniciativa também, ali, da imprensa. Mas eu acho, também, que foi uma iniciativa que nasceu do jornalismo declaratório, não é? Foi o irmão dele que fez aquela denúncia... O que aconteceu com o nosso presidente? Ele foi punido politicamente. Sofreu o impeachment. Na Justiça ele não foi punido. Por que que não foi punido na Justiça? Por que a Justiça é venal? Não sei... Ou será que a gente não investigou tão seriamente como poderia e não levou uma prova mais contundente para a Justiça avaliar? Nós, da imprensa, o Ministério Público, etc., etc.

Há muitas denúncias feitas inclusive ao vivo. Imagina se você está ao vivo, que critério você tem de checagem, se você está ao vivo na internet, no rádio, na televisão... Isto está acontecendo hoje. Tem iniciativas muito sérias, importantes e conseqüentes. Mas, ao lado disso, denúncias preocupantes. O início quase sempre começa com declarações contundentes, envolvendo o nome de muita gente que, na pressa da denúncia, acaba-se cometendo irresponsabilidades.

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