Redes Sociais
Após 7 anos de domínio da rede do Google no Brasil, o segmento passa a ser disputado clique a clique. Resta saber se haverá espaço para os dois serviços
Rafael Sbarai
A escolha do usuário: Orkut e Facebook já rivalizam no segmento de redes sociais (Lisa Quarfoth/Hemera/Getty Images)
Há poucos dias, o instituto Ibope Nielsen Online divulgou estudo que revelou que o número de
pessoas que navegam pelas páginas do Facebook no Brasil já supera o do Orkut. Usando método diferente,
a Comscore, que também realiza a medição na internet, não ratificou a ultrapassagem, mas confirmou a tendência:
em julho, a vantagem do Orkut sobre o rival caiu 20%. É um momento histórico nos breves 7 anos de vida das
redes sociais no Brasil, um território desbravado pelo serviço do Google.
O Facebook subiu como um foguete no mercado brasileiro, um comportamento sem precedentes na história do serviço
. Em abril de 2009, os acessos ao endereço eram tão raros que o Ibope não conseguia medi-los. Dois anos e quatro meses depois
, o site alcançou a marca de 30,9 milhões de visitantes únicos, registrada em agosto pelo Ibope. O Orkut, que agora tem 29 milhões,
demorou seis anos e dez meses para chegar ao mesmo patamar.
A briga no segmento de redes tem beneficiado o usuário, favorecido com melhorias e mais atrações nos serviços.
Mas o embate traz consigo uma questão sobre o futuro: haverá espaço no mercado brasileiro para dois serviços que,
embora não idênticos – sim, eles mantêm diferenças marcantes –, guardam semelhanças?
"A tendência é que um dos sites se torne dominante, com o outro passando a atender um nicho", afirma Marcelo Coutinho,
professor da Fundação Getúlio Vargas e pesquisador do mercado digital. É um fato. No mundo,
são poucas as nações que comportam duas redes sociais de grande peso por longo período.
O exemplo clássico vem da mãe das redes sociais, o mercado americano.
Lá, a ascensão do Facebook em meados da década passada fez ao menos uma vítima: o
As exceções a essa regra são raras. Em todas, quem desafia a supremacia planetária do Facebook são serviço locais,
que, surgidos na primavera da internet, acabaram ganhando apreço dos usuários. Na Rússia,
Vkontakte e Odnoklassniki ainda deixam Facebook e Twitter para trás. Na Espanha,
o Facebook ultrapassou recentemente o Tuenti. No Japão, o Twitter lidera, seguido pelo Mixi e, então, pelo Facebook.
Por ora, a briga brasileira permanece aberta. O primeiro indício disso é o uso concomitante
das duas redes por grande parte dos usuários. Segundo a Comscore, 87% das pessoas que
visitaram o Facebook também foram ao Orkut em julho. O segundo sinal é que, nos bastidores,
as duas empresas lutam vivamente pela supremacia.
O Facebook vem adotando uma estratégia agressiva dentro e fora da rede. Em fevereiro,
tomou do Google seu principal executivo no país, Alexandre Hohagen,
para comandar o 15º escritório da empresa no mundo.
Nos últimos 60 dias, contratou quatro ex-funcionários do rival para fortalecer o
QG brasileiro, instalado em São Paulo.
Também lançou mecanismos para atrair usuários do Orkut.
O Orkut, por sua vez, assumiu o papel inédito de produtor de conteúdo, o que, nas redes,
cabe tradicionalmente aos usuários.
Exemplo disso é a comunidade Orkut ao Vivo, que reúne mais de 6 milhões de membros ao
redor de entrevistas com artistas nacionais.
O foco é explícito: 60% dos visitantes do site cursam o ensimo fundamental ou médio. São jovens, portanto.
A briga pela audiência, é evidente, é a luta pela sobrevivência. É também a luta pela publicidade.
Essa é a principal fonte de receita dos dois serviços. A exemplo de canais de TV, jornais e revistas,
as redes sociais usam o número de usuários e visitantes para atrair anúncios e, assim, rentabilizar o negócio.
Até pouco tempo, o Orkut reinava praticamente sozinho no segmento. Agora, tem um competidor à altura – superior, na visão de alguns.
O Facebook acumula mais informações sobre os usuários: além de gênero, idade e interesse, comum ao Orkut,
ele analisa localidade, grau de instrução e local de trabalho. Isso permite aos anunciantes dirigir sua mensagem ao público-alvo.
"A rede de Mark Zuckerberg possibilita uma segmentação maior de seu público e, consequentemente, campanhas mais eficientes",
diz Abel Reis, presidente da AgênciaClick Isobar.
É impossível esquecer o terceiro elemento que deve fazer parte dessa disputa: o Google+, rede social com que o gigante quer ganhar o mundo – o Orkut, vale lembrar, só não é uma jabuticaba virtual porque foi criado por um turco e sobrevive também na Índia, além do Brasil. Para atores do mercado como Reis, é certo que o velho será substituído pelo novo. "Em um prazo de dois anos ou pouco mais, o Google+ poderá ser a principal atração do Google no país", diz. A empresa descarta a hipótese de substituição: "Orkut e Google+ são dois produtos sociais dentro da mesma empresa, mas com objetivos diferentes", diz James Withaker, diretor mundial de engenharia do Google. "Acompanhamos os dois com a mesma atenção." Resta esperar para ver se usuários e mercado verão o assunto da mesma forma.
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