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terça-feira, 13 de setembro de 2011

Impostômetro , parte do cenário paulistano

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O Impostômetro já faz parte do cenário paulistano. No centro da cidade, na Rua Boa Vista, o painel informa ininterruptamente a soma total de quanto a população paga de impostos. Os números despertam vários sentimentos: indignação, frustração, pânico, tristeza e até impunidade. Mas o conhecimento é importante, destacam os que prestam atenção constante nos dados. Os consumidores estão sendo conscientizados sobre os valores dos tributos embutidos nos preços. Com informação, é possível cobrar.


Célia testemunhou a criação


A advogada Célia Suzuki (foto) trabalha na região central de São Paulo há 40 anos. Portanto, ela foi uma das "testemunhas" da instalação do Impostômetro, em abril de 2005. Na época, Célia ficou muito satisfeita, já que saberia exatamente com quanto contribui, todos os dias. Mas, logo depois, sentiu-se muito triste. "É frustrante saber que pagamos tanto em impostos e não temos o retorno disso nos serviços básicos. Os valores são extremamente altos", afirmou.

"Infelizmente não existem informações sobre esse assunto. A população merece e precisa ter conhecimento de quanto paga de impostos. Muita gente nem imagina que a incidência na conta de luz chega a 50%", observou. "A iniciativa da Associação Comercial, de criar o Impostômetro, é admirável."

Mas Célia afirma que o mais importante seria receber um serviço de qualidade nas áreas de saúde e educação – para ela, os mais necessários, os que mais fazem falta para o bem estar das famílias.


Para Rui, inspiração ao definir a carreira


O Impostômetro faz pensar. E acabou dando inspiração para que o estudante de Direito, Rui José Leite Santana, escolhesse a área da profissão na qual se especializaria: direito tributário.

"Certamente é a que dá mais retorno financeiro", diz ele. Para o universitário Santana, o Brasil é um dos países que mais cobram impostos em todo o mundo."Qualquer coisa que se compre hoje – produtos ou serviços – tem cobrança de tributos", questiona.

A incidência não deveria ocorrer em vários deles, como remédios, livros, e produtos eletrônicos. Isso facilitaria a vida de muita gente", avalia.

Diariamente, quando faz sua caminhada diante do painel do Impostômetro, Santana reforça suas convicções sobre o equilíbrio tributário: "Eu não me importaria de contribuir com tanto, se o retorno do dinheiro fosse comprovado. Na verdade, eu pago o valor da faculdade duas vezes – uma para a instituição, outra em forma de impostos.

Como muitos outros contribuintes, o estudante de Direito chega à conclusão de que a carga dos brasileiros deveria ser aliviada. "O ensino e o atendimento na saúde deveriam ser gratuitos", finaliza.


Iracema informa os turistas


Banca de jornal ou ponto de informação? As duas coisas. O Impostômetro duplicou a atividade comercial da Banca das Apostilas, que fica no Pátio do Colégio. Quem compra jornais ou revistas no local sempre dá uma olhada no valor que a população brasileira paga em impostos. E os turistas, principalmente os que vêm do interior, ficam curiosos: tiram fotos e querem saber os detalhes sobre o montante arrecadado. "Todos os dias eu tiro várias dúvidas sobre o assunto. Quem visita o centro de São Paulo recebeu a indicação de alguém, e não vai embora sem fazer pose em frente aos números para mostrar aos amigos depois. Mas as pessoas também se sentem indignadas com um valor cada vez mais alto", afirma a dona da banca, Iracema Valadão.

Para ela, o Impostômetro é bem vindo porque informa. Mas sente não poder fazer nada para ver o dinheiro arrecadado sendo usado de uma forma melhor. "A existência do Impostômetro é uma forma de cobrar as autoridades, para que a população veja a aplicação destes recursos. Mas eu entro em pânico quando o observo". Para Iracema, nos dias de hoje, não existe a personificação da tirania, como acontecia antigamente – por isso, não se sabe direito de quem cobrar as atitudes. "A pergunta que fica é quem é o tirano dos tempos modernos. Dizem que é o sistema. Mas como será possível combater o sistema? É preciso promover o conhecimento com a conscientização."


Andréia questiona duplicidade


O Impostômetro desperta irritação na analista de sistemas Andréia Barrem. Ela não sabe exatamente quanto paga de tributos em cada um dos produtos e serviços que compra ou consome. Mas tem a certeza de que é muito mais do que deveria.


O primeiro exemplo que vem à cabeça de Andréia são os automóveis. "Dentro do valor cobrado por um veículo, tem quase 50% de impostos. Isso é inaceitável. Por conta de casos como este é que o Impostômetro não para. O pior é que o dinheiro não volta para a comunidade. É uma quantia muito mal distribuída. E as pessoas não se dão conta disso".

Andréia afirma que paga R$ 250 para o convênio médico e odontológico todos os meses. Além disso, usa ônibus e Metrô para chegar ao local de trabalho. "Não dá para vir ao centro, da zona Leste, de carro todos os dias. Os custos com estacionamento são inviáveis. É revoltante pagar pelo atendimento médico duas vezes – com os impostos. Além disso, os ônibus e o Metrô estão sempre lotados. Os serviços deixam a desejar."

Impostômetro:

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